Filipe Soares Franco tem pedido, ao longo dos últimos meses, a apresentação de um plano financeiro alternativo ao que estabeleceu com a banca e que ainda não foi aprovado pelo sócios leoninos. João Mineiro, vice-presidente para área financeira da candidatura liderada por Paulo Pereira Cristóvão, explicou ao i alguns dos contornos preparados para o futuro do Sporting caso vença as eleições de 5 de Junho
- “O passivo consolidado do grupo Sporting supera os 300 milhões de euros. Além do passivo bancário que foi divulgado pelos actuais corpos sociais, existem outras rubricas do passivo (dívidas a fornecedores externos, empréstimo obrigacionista da SAD, entre outros). Tudo porque, de acordo com o que foi facultado em Abril de 2008, o Grupo Sporting é composto por 19 empresas... Logo neste ponto, as dificuldades existentes são bem maiores do que aquelas que têm sido veiculadas relativas apenas à SAD”
- “A exploração operacional do Sporting não é equilibrada e isso tem de mudar, através de medidas imediatas e outras tomadas a médio prazo. É fundamental estancar a hemorragia financeira do clube, tornando menor a distância entre receitas e custos.”
- “O Sporting perdeu cerca de 20 mil sócios efectivos entre 2006 e 2009. De tal forma que, na última Assembleia Geral, já se falou de 25.479 sócios efectivos com quotas em dia num universo de 95 mil. Daí que o lema da nossa campanha seja “O regresso aos sócios”. É necessário atingir um ciclo virtuoso que rompa com o passado e recupere, pelo menos, esse número de associados perdidos. Queremos, a curto prazo, angariar cinco mil e até ao fim do mandato os restantes 15 mil. Só isso proporciona uma receita anual de 3,2 milhões de euros. Além disso, os custos com toda a estrutura baixarão e muito porque existem muitos quadros e administradores remunerados acima do que é possível suportar”
- “Como a TBZ deixou de operar, é preciso renovar por completo o marketing e merchandising, fonte de receita importante para o clube. Além disso, toda a parte on-line do clube, inclusive o site, sofrerá profundas alterações para haver um contacto cada vez maior entre Sporting e núcleos. Os patrocínios para modalidades também já estão devidamente pensados”
- “Em relação às modalidades, temos previsto um projecto de fundos de fomento desportivo. Assim, os sócios podem ver 25% do valor de cada quota reverter para a modalidade que mais gostam. Ou, num plano que seria discutido em assembleia geral, fazer uma divisão de 50% para SAD (seis euros), 25% para as modalidades (3 euros) e outros 25% para a modalidade preferida (três euros)”
- “Pavilhão. Sim, é possível. Temos estudos que sustentam a ideia, até desenhos e projectos de várias possibilidades para o pavilhão. E tudo num raio de um quilómetro do estádio, como é pretendido pela esmagadora maioria dos sócios. O custo não atingirá os 5 milhões de euros e haverá financiamentos externos”
- “O défice anual de tesouraria tem aumentado nos últimos tempos e a tendência tem de ser contrariada o mais depressa possível. Por isso, queremos ajustar as principais amortizações do capital em dívida às mais-valias criadas e utilizar o valor que o clube receberá da Câmara Municipal de Lisboa – cerca de 23 milhões de euros – para dar alguma folga em termos de tesouraria”
- “A emissão de VMOC, conforme estava projectado pelo actual elenco, não ia reduzir os custos financeiros do clube nem trazer qualquer vantagem financeira. Assim como a passagem da Academia (com todo o potencial de mais-valias) para a SAD a preço de custo. Prevemos também 30 milhões de euros de amortizações adicionais”
- “O que levou a um passivo tão grande? Muitos erros… É certo que foram feitos investimentos avultados mas se somarmos os valores conseguidos na venda dos terrenos do antigo estádio, na alienação do património não-desportivo, na saída dos elementos formados no clube desde 2002 e nos prémios da Liga dos Campeões, nada justifica uma discrepância tão grande. Por exemplo, só de prejuízos correntes, a SAD já vai em cerca de 200 milhões, com resultados líquidos negativos de 100…”
- “2013 vai ser um ano fundamental na vida do Sporting. Aí, os direitos televisivos poderão ser renegociados – e se hoje valem sete ou oito milhões de euros, na altura serão de pelo menos dez milhões de euros anuais – e o PDM de Alcochete, com o novo aeroporto, estará definido. A Academia passará a valer muitos mais milhões de euros - o actual presidente chegou a sugerir que se tivesse uma oferta de 80 milhões vendia de imediato... Nesse caso será possível fazer outra Academia até na zona de Lisboa, algo que já estudámos, e ter mais sócios envolvidos na vida do clube. Porque o grande segredo não é a estrutura física mas sim os recursos humanos”
Linhas de força do plano financeiro
* Recuperação da "vivência" Sporting e consequente aumento das receitas (quotização, gameboxes, merchandising)
* Melhor rentabilização do património do clube
* Controlo dos custos de estrutura do grupo Sporting
* Negociação com os parceiros bancários numa base de adequação da amortização do passivo às mais-valias geradas
* Transparência perante os sócios (contas consolidadas)
Ideias-chave da alternativa financeira
* Reduzir consideravelmente o défice de exploração do Clube
* Valorizar os jogadores do Sporting
* Materializar alguns activos (património) que sirvam de colateral junto dos parceiros bancários
* Utilizar alternativas de financiamento que substituam uma pequena parte do financiamento bancário
Fonte: Jornal i
http://www.ionline.pt/conteudo/3415-exclusivo-i-joao-mineiro-apresenta-plano-alternativo
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